Algumas áreas profissionais ainda são majoritariamente ocupadas por homens: dados atualizados em abril de 2018 pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) apontam que, no estado de Alagoas, há 1.229 mulheres com registro ativo do CREA em um total de 9.458 profissionais, o que representa apenas 12,9% dos engenheiros atuantes.
O mesmo CONFEA aponta que a escolha das mulheres por cursos de engenharia tem se ampliado de maneira constante em ritmo lento desde 2007, já que o número de estudantes mulheres ultrapassou o de profissionais ativas no mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, a universidade de Dartmouth fez história no fim de 2017, ao se tornar a primeira do mundo a formar mais mulheres que homens em seu curso de engenharia (54%, em comparação à média nacional de 19%).
Na agricultura, apesar do menor acesso ao crédito, a assistência técnica e a titularidade de terras, as mulheres estão conseguindo vencer barreiras e garantir seu espaço. Antes vistas como “ajudantes” do companheiro nas propriedades rurais, hoje elas representam mais de 40% do rendimento familiar no campo, segundo dados recentes publicados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último Censo Agropecuário, perguntou pela primeira vez em 2006 o sexo responsável pelos estabelecimentos agropecuários: as mulheres representavam 12,68% (13,7% na agricultura familiar, ligeiramente maior). Programas como o Pronaf Mulher, o Plano Safra e o Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) passaram a ter maior procura por mulheres na agricultura. Entre 2004 e 2015 foram mais de três milhões de documentos emitidos, com o público feminino sendo titular das propriedades. Esse documento garante acesso a outros programas de crédito.
O Pronaf Mulher, de 2003 a 2014, garantiu mais de 42 mil contratos, o que possibilitou um investimento de R$ 359 milhões no campo, exclusivamente pelas mulheres na agricultura. Com a documentação e o crédito garantidos, as mulheres foram em busca da assistência técnica para manter seus negócios no campo. Para garantir o público feminino como cliente, a ATER conta com 30% de sua equipe composta de mulheres. O que fez com que no ano de 2014 elas representassem 57% das beneficiárias da Assistência.
E o que tudo isso tem a ver com o projeto Serrote? Com o compromisso de implantar programas e projetos socioambientais em curto prazo e o desafio de contratar (no mínimo) 70% de mão-de-obra local – além de desenvolver e adquirir produtos e serviços com fornecedores da região – soma-se o pleito comumente ouvido nas conversas com as moradoras – em especial durante as rodadas de diálogo social – de que se ofereça oportunidades às mulheres da região.
A recomendação é feita geralmente junto com críticas de que as mulheres não são consideradas pela mineradora nos processos seletivos. Por isso, é preciso atentar para que se proporcione inclusão neste sentido, por meio de uma oferta significativa de oportunidades com igualdade de gênero nos processos seletivos e que se considere um amplo espectro de mulheres entre as candidatas, em especial nas funções de maior senioridade.
Curiosidade 1: Criado pela Women’s Engineering Society (WES) do Reino Unido, o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia é comemorado anualmente em 23 de junho. A data tem como objetivo fortalecer o espaço que as engenheiras vêm ganhando na profissão.
Curiosidade 2: Cinco engenheiras famosas, que fizeram história.
1. Edith Clarke
Edith Clarke inicialmente se graduou em matemática e astronomia (1908), lecionando matemática por três anos. Mas sua paixão pelas exatas fez com que em 1911, se matriculasse em Engenharia Mecânica na Universidade de Wisconsin em Nova York.
Mais tarde, deixou Nova York para entrar no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde obteve seu mestrado em engenharia elétrica em 1918, tornando-se a primeira mulher a ganhar um diploma nessa área no MIT.
Após sua formação, Clarke trabalhou como engenheira da General Electric, onde desenvolveu uma “calculadora gráfica”. O dispositivo foi usado para resolver problemas da linha de transmissão de energia elétrica.
2. Veridiana Victoria Rossetti
Veridiana foi a primeira mulher a graduar-se em engenharia agrônoma no Brasil, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), em 1937. Suas pesquisas são voltadas para as patologias de citros (Phytophtorada gomose), onde identificou a bactéria Xylella fastidiosa, responsável pela praga do amarelinho.
3. Enedina Alves Marques
Enedina é natural do estado do Paraná, onde formou-se em Engenharia Civil no ano de 1945, sendo a primeira mulher negra no Brasil a se formar em Engenharia e a primeira mulher a ter essa graduação no estado do Paraná.
Sendo designada mais tarde para trabalhar no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. Durante sua estadia no Departamento, realizou o que para muitos foi seu maior feito como engenheira. Esse feito foi a construção da Usina Capivari-Cachoeira.
4. Isabel Gago
Ela foi a primeira mulher a receber o titulo de Engenheira Química, no Instituto Superior Técnico (IST), em Portugal, em 1939, onde lecionou até 1984, depois de ter sido a primeira mulher a assumir a docência, numa escola nacional de engenharia.
5. Aprille Ericsson
Aprille trabalha como engenheira espacial na NASA, a agência espacial americana e, ao longo de 28 anos de carreira na agência, passou por vários cargos na instituição.
Foi a primeira mulher a receber um Ph.D. em engenharia mecânica em Harvard e a primeira mulher afro-americana a receber um Ph.D. no Goddard Space Flight Center, o centro de pesquisas espaciais da NASA.