Fala, time MVV! Tudo certo com vocês? Bem, espero que sim. Aqui, de novo, o Mikael do TI. Essa semana na nossa coluna STYLO, falaremos sobre cinema documental.
É uma boa pedida, já que estamos ficando mais tempo em casa, investindo em cultura e arte, não é mesmo?
E os documentários nos ampliam muito o olhar sobre o mundo. Por isso, selecionei cinco obras que você precisa ver ainda este ano. Logo abaixo, as minhas indicações.
1. MISS REPRESENTATION
Não é um documentário perfeito. De forma alguma. Quando “Miss Representation” foi lançado, ele sofreu queixas por não oferecer soluções e só ressaltar os problemas do mundo machista. Por outro lado, a síntese de um filme relevante passa muitas vezes pela sua capacidade de intrigar, de fazer refletir e pensar sobre o tema abordado. Por esse lado, a demonstração do quanto as mulheres foram subjugadas ao longo da história e representadas como um ser de poderio inferior é um atestado da fraqueza masculina que, para se sentir forte, parece necessitar do domínio do sexo oposto. Alice Walker, escritora e ativista americana citada no documentário, não poderia estar mais certa: “A maneira mais comum de as pessoas desistirem de seu poder é pensar que elas não têm nenhum”.
2. JIRO DREAMS OF SUSHI
No porão de um arranha-céu em Tóquio, próximo a uma estação de metrô, Jiro Ono serve apenas sushi em seu restaurante. “Jiro Dreams of Sushi” é um documentário sobre um homem que tem o sushi como seu grande amor e, ao mesmo tempo, seu grande vilão. Isso porque o perfeccionismo atrapalha Jiro a ponto de ele permanecer em um limite claustrofóbico entre a lucidez e a loucura. No final das contas, o documentário parte de um homem particular e passa a ser um tratado sobre a vida, sobre o poder da empatia e sobre o quanto a importância que se dá ao próximo pode ser o remédio para as aflições da vida.
3. ÍCARO
O melhor do documentário investigativo e com um envolvimento arriscado do cineasta Bryan Fogel, que, com seu trabalho duplo, é levado a Grigory Rodchenkov, chefe do laboratório antidoping russo. Mas Fogel, que não percebe a tempo (ou percebe?), passa a se envolver diretamente, além de ser, de dentro, um cronista do maior escândalo de doping do esporte, conforme os detalhes vão sendo revelados. A história passa de uma experiência pessoal para um thriller geopolítico em questão de cenas. Urina contaminada, morte inexplicável e ouro olímpico fazem parte de “Ícarus”, um documentário para se assistir com os olhos grudados na tela.
4. WINTER ON FIRE: UKRAINE’S FIGHT FOR FREEDOM
“Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom” é daqueles raros filmes que têm a força de fazer o espectador ter uma relação muito próxima através de algo muito distante. Assim, é possível que o sentimento de patriotismo para com a Ucrânia se estabeleça já nos primeiros 15 minutos. Aliado a esse fato, o documentário também tem coração o suficiente para causar reflexões que vão muito além da luta por liberdade que acompanha o subtítulo: a luta é por ser humano, por todos aqueles que querem, mais do que liberdade, a mais honesta felicidade para si e para suas famílias. O preço em “Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom” é alto, é doloroso, mas, simultaneamente, representa a esperança por mudanças. Fica, no mínimo, a mensagem real e atemporal de que é preciso lutar de qualquer forma, porque aqueles que detêm o poder de maneira egoísta, egocêntrica e enganosa não irão desistir de boa vontade.
5. THE ACT OF KILLING
Disponível na Netflix em sua versão para cinema (theatrical cut), “The Act of Killing” é um documentário que revela que o mal não nasce somente dos atos, mas pode surgir pelo esquecimento. A perpetuação da maldade como algo costumeiro, para o filme, é o ato mais odioso e covarde da índole humana. Ao contrário de “Jiro Dreams of Sushi”, que parte do íntimo e se torna mais abrangente, “The Act of Killing” vai de e ao encontro da monstruosidade particular dos seus personagens. Nesse sentido, sua cena mais poderosa é, sem dúvida, aquela em que o personagem Anwar Congo é observado de perto e é possível enxergar não somente um rosto, mas a abominação que aquele homem sempre ignorou.
* Todos estes documentários podem ser encontrados na plataforma de streaming Netflix